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O cultivo de flores de plástico

«Um dia morremos e vemos Deus cara a cara e percebemos: olha, é o Kafka.»

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Caraterísticas

Chancela

Autor(a) Afonso Cruz

ISBN 9789896721879

Data de publicação Julho de 2013

Páginas 104

Apresentação capa mole

Dimensões 0x0mm

Género Ficção, Literatura

Coleção Alfaguara

Idade recomendada Adultos

Disponibilidade Temporariamente Esgotado na Editora. Ver outras Lojas

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No fundo é isso. Ninguém nos vê. Somos invisíveis. A miséria é uma poção de invisibilidade.

Quando as roupas ficam rotas, quando estendemos uma mão, puf, desaparecemos.

Somos as pombas dos ilusionistas. Isto dava para um negócio, dava para ganhar a vida com os turistas.

Levava-os a ver fantasmas numa cidade assombrada. Levava-os a verem-nos.

Olhem, damas e cavalheiros, meninos e meninas, esta é a Lili, tem saudades de ser criança, tem no nariz o cheiro do tabaco dos dedos do pai e crostas nos braços, por aqui, por favor, cuidado com os pés, não pisem as camas, parecem cartões, eu sei, ali ao canto está o couraçado Korzhev, que se deixou ficar, com os ícones na lapela, sigam-me, é um deserto meio russo e traz o barulho do mar nos bolsos, atenção, cavalheiro, saia de cima do cobertor, vejam, ali, ali ao fundo, uma genuína senhora de fato, que ainda há poucos meses andava a alcatifar o mundo, minhas senhoras e meus senhores, e ainda tem na voz restos da sua vida anterior, do tempo em que havia casas.

Palmas, por favor.

E eu? Eu sou o Jorge, também invisível como qualquer fantasma, vivo nas ruas. Obrigado, obrigado, e agora, se me permitem, vou comer a minha sopa que está a arrefecer há tantos anos.

(Os direitos de autor resultantes da venda deste livro revertem a favor da associação CASA - Centro de Apoio ao Sem-Abrigo)

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