16,61 

O cultivo de flores de plástico

Individualismo, consumismo, indiferença, desigualdade: Afonso Cruz não deixa nada por dizer sobre estes temas fraturantes, num livro de rara e íntima beleza.

180 em stock

Também disponível em EBOOK:

Características

Autor(a) Afonso Cruz

ISBN 9789897849237
Data de publicação Novembro de 2023
Edição atual 1.ª
Páginas 112
Apresentação capa dura
Dimensões 145x230mm
Idade recomendada Adultos
Partilhar:
Descrição

Lili ocupa o tempo de sobra a experimentar chaves em portas. O couraçado Korzhev dobra e desdobra mapas e carrega no bolso conchas que lhe devolvem a maresia. A senhora de fato suspira pelo tempo em que vivia uma vida alcatifada, com dois carros, um cão e um gato. Jorge sabe que bastou um passo em falso para ir parar ali. É o que separa as pessoas que vivem em casas das pessoas que vivem na rua: um passo mal dado. Num texto belíssimo, pleno de dor e ironia, Afonso Cruz imagina as vidas de um grupo de pessoas que vive «debaixo do mau tempo», abaixo da linha mínima da dignidade e conforto que deveria caber a cada pessoa. O cultivo de flores de plástico é um apelo para que olhemos para os seres invisíveis das nossas cidades.

«No fundo, é isso. Ninguém nos vê. Somos invisíveis. A miséria é uma poção de invisibilidade. Quando as roupas ficam rotas, quando estendemos uma mão, puf, desaparecemos. Somos as pombas dos ilusionistas. Isto dava para um negócio, dava para ganhar a vida com os turistas. Levava-os a ver fantasmas numa cidade assombrada. Levava-os a verem-nos. Olhem, damas e cavalheiros, meninos e meninas, esta é a Lili, tem saudades de ser criança, tem no nariz o cheiro do tabaco nos dedos do pai e crostas nos braços, por aqui, por favor, cuidado com os pés, não pisem as camas, parecem cartões, eu sei, ali ao canto está o couraçado Korzhev, que se deixou ficar, com os ícones na lapela, sigam-me, é um deserto meio russo e traz o barulho do mar nos bolsos, atenção, cavalheiro, saia de cima do cobertor, vejam, ali, ali ao fundo, uma genuína senhora de fato, que ainda há poucos meses andava a alcatifar o mundo, minhas senhoras e meus senhores, e ainda tem na voz restos da vida anterior, do tempo em que havia casas. Palmas, por favor. E eu? Eu sou o Jorge, também invisível como qualquer fantasma, vivo nas ruas. Obrigado, obrigado, e agora, se me permitem, vou comer a minha sopa, que está a arrefecer há tantos anos.»

Do mesmo autor

12,56 

A Cruzada das Crianças

14,36 

Deuses e afins (Enciclopédia da Estória Universal 7)

16,60 

Nem todas as baleias voam

14,36 

Arquivos de Dresner (Enciclopédia da Estória Universal 2)

14,36 

Mil anos de esquecimento (Enciclopédia da Estória Universal 5)

26,95 

Jalan Jalan

14,36 

Enciclopédia da Estória Universal: Recolha de Alexandria (Enciclopédia da Estória Universal 1)

18,86 

Para onde vão os guarda-chuvas

16,60 

Jesus Cristo bebia cerveja

10,76 

Nem todas as baleias voam

Outras sugestões

16,60 

Nem todas as baleias voam

13,94 

O Segredo do Bosque Velho

17,96 

A Volta ao Dia em 80 Mundos

13,94 

Confissão de um Assassino – Relato de uma noite

16,97 

O terceiro país

22,46 

Aniquilação

Artigos relacionados com o autor
Nenhum resultado encontrado.