Hipnose

No início dos anos 90, o jornalista mexicano Chespirito Diaz chegou a Washington disposto a vencer na vida e a salvar o mundo. Estava longe de imaginar que seria a causa de uma guerra.

Eram os dias do «fim da História», a capital fervilhava de optimismo e contradições, sonhos de grandeza e personagens ardilosas.

Quando Rachel Woodberg, uma filha da elite americana, com uma obsessão pela aventura, lhe propôs uma reportagem pouco ortodoxa sobre uma cimeira de gangues, Chespirito percebeu que pisava terreno perigoso.

Num percurso que o levará dos subúrbios negros aos cafés chiques da capital americana, dos clubes sadomasoquistas de Nova Iorque às sociedades secretas da Revolução Francesa (onde se cultiva a arte da dominação e se esconde um instrumento musical que provoca a loucura), dos antros de motards da Flórida aos bairros da máfia curda de Esmirna e às aldeias bombardeadas do deserto do Iraque, Chespirito cruza-se com personagens tão desconcertantes como MC Disaster, o rapper e líder de bairro que prometia abrir-lhe as portas do submundo; Sibel Altun, a jovem turca que, na sua candura, parecia um porto seguro, mas tinha a vida sequestrada pelo terrível passado da família; Gloria Frankovitch, a genial investigadora de Relações Internacionais que resolveu partir sozinha para Bagdade, num exercício de diplomacia pessoal que não correu bem; PoisonG, o perfil falso na internet de uma mulher que, por amor a Chespirito, matou o marido; e, sobretudo com Rand Mortimer, autointitulado «gestor de percepções», um homem solitário e clandestino, mas com o poder de derrubar governos e provocar guerras.

Hipnose é o romance dessa década decisiva, entre a tomada de posse de Bill Clinton, em 1993, e a guerra do Iraque, em 2003, e pode ser lido como uma reflexão sobre a natureza e as origens da persuasão colectiva no mundo contemporâneo. Uma história apenas no início.