Na cidade argentina de La Plata, nos anos de 1940, conhecemos Yuna e Petra, duas primas que pertencem à mesma família disfuncional, precária e destinada à desgraça. Pela voz de Yuna, vemos um universo tortuoso de mulheres abandonadas à sua sorte, a braços com a pobreza, a deficiência, o delírio fantasmagórico e a pressão social. Para se evadir do cerco das histórias de ameaças, violações e homicídios, Yuna recorre à sua imaginação artística: a cada episódio de violência, pinta uma nova tela. Vendo na arte uma fuga ao estropiamento familiar, Yuna lança sobre o seu mundo um olhar selvático — ora cândido e perspicaz, ora violento e ensimesmado — e protagoniza uma história que desafia todas as convenções literárias.
Aurora Venturini poderia ser uma das peculiares personagens dos seus romances, já que o seu percurso ficou marcado pelo fait-pers de ter vencido um concurso literário para novos talentos quando já tinha escrito dezenas de livros e se aproximava do fim da vida. Entre o romance de formação, a delirante autobiografia, o pertimento literário e a radiografia de uma época, As primas é uma obra que celebra, ao mesmo tempo, as dimensões universal e privada da literatura, revelando a desconcertante originalidade de uma autora que ousa colocar perguntas quase sempre cuidadosamente mantidas em silêncio.
Os elogios da crítica:
«Um livro descomplexado e com uma voz absolutamente autoral. É possível aos 85 anos ser-se abundantemente rock'n'roll.» - Susana Romana, Observador
«Um romance perversamente genial.» — Enrique Vila-Matas
«Pessimista e selvagem, sem heroínas evidentes, um romance de mulheres excessivas, enfermas, obsessivas, maltratadas. Rimo-nos em voz alta com as provocações e decisões insólitas. E, em simultâneo, vemos corpos levados ao limite, numa escrita em golfadas de sangue.» — Mariana Enríquez
«É impossível não nos rendermos ao charme corrosivo de Yuna Riglos.» — Camila Sosa Villada
«Cruel, estranho e exuberante — As primas será um favorito instantâneo para os leitores de Fleur Jaeggy e de Leonora Carrington.» — Catherine Lacey
«Tirando o melhor partido da narração em primeira pessoa, o livro se apresenta como um texto escrito por Yuna, com breves reflexões metalinguísticas e passagens endereçadas diretamente ao leitor. Essa configuração é responsável por ao menos dois de seus principais trunfos. Em primeiro lugar, a consistência do ponto de vista, produto do jogo constante entre o que a narradora deseja mostrar e o que efetivamente nos deixa ver. […] Em segundo lugar, está a costura admirável entre escrita e pensamento.» — Folha de S. Paulo
«Não há aqui correção política, nem sujeição a regras de pontuação; há golpes de asa, há humor, há um estilo, e é isso que a leitura [deste romance] celebra.» — La Nación
«As primas tem ainda o maior trunfo que uma obra literária pode ter: uma personagem principal que fica na memória, vívida e flagrante. O seu nome é Yuna.» — La Repubblica
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